Questões de Português - ENEM PPL 2022 | Gabarito e resoluções

(ENEM PPL - 2022) Domsticas, de Fernando Meirelles e Nando Olival (2001) Drama de trabalhadoras domsticas na cidade de So Paulo, mostradas a partir do cotidiano de Cida, Roxane, Quitria, Raimunda e Cro. Uma quer se casar; a outra casada, mas sonha com um marido melhor; uma sonha em ser artista de novela e a outra acredita que tem por misso na Terra servir a Deus e sua patroa. Todas tm sonhos distintos, mas vivem a mesma realidade: trabalhar como empregada domstica. Conduzido com humor (e uma trilha musical dos hits populares do Brasil brega dos anos 1970), o filme de Meirelles e Olival retrata o universo particular dessa categoria de trabalhadoras domsticas. curioso que, em nenhum momento, aparecem patres ou patroas. A narrativa de Domsticas se desenvolve segundo a tica contingente das classes subalternas, dos de baixo, com seus anseios e sonhos, expectativas e frustraes. No aparecem situaes de luta social por direitos, o que sugere que o filme se detm na epiderme da conscincia de classe contingente, expressando, desse modo, a fragmentao das perspectivas de vida e trajetrias das domsticas (quase como um destino, como observa na palavra final a domstica Roxane). Do mesmo modo, ao retratar Z Pequeno (em Cidade de Deus), Meirelles tratou sua sina de bandido quase como destino. baseado na pea de teatro de Renata Melo (2005). Disponvel em: www.telacritica.org. Acesso em: 25 ago. 2017 (adaptado) A sinopse, para convencer o leitor a assistir ao filme Domsticas, lana mo da seguinte estratgia de linguagem:

(ENEM PPL - 2022) TEXTO I H uma gerao inteira sem conseguir emprego. Grande parte sonha com um concurso pblico. No novidade, multides sempre correram atrs de emprego municipal, estadual ou federal. Espanta a disposio para trabalhar em qualquer rea, fora do que consideravam sua vocao. Em crise, vocao ter salrio. H quem continue na casa dos pais, indefinidamente. Ou quem volte. O problema que nem sempre d certo. Mes e pais que tm aposentadoria ainda asseguram a sobrevivncia dos filhos. uma gerao deriva. CARRASCO, W. Disponvel em: http://epoca.globo.com. Acesso em: 23 ago. 2017 (adaptado). TEXTO II Ah, a casa da av! Sinnimo de comidinha gostosa, muita brincadeira, vontades feitas. O imaginrio de muita gente traz da infncia as melhores lembranas da casa da av. Mas o que para muitos apenas um local para brincadeiras e frias, para outros, nos ltimos tempos, tem sido sinnimo da casa principal, onde os netos moram e so criados. No s o mercado de trabalho levou as crianas para a casa das avs em tempo integral, mas tambm a sociedade moderna, com o divrcio e as novas constituies familiares. Com o divrcio, a correria do dia a dia no mercado de trabalho e a prpria emancipao da mulher, muitas mes delegaram aos avs a tarefa de criar seus filhos. MAIA, K. Disponvel em: www.cnte.org.br. Acesso em: 23 ago. 2017 (adaptado). Esses dois textos tm temticas diferentes, na medida em que o Texto I trata da volta dos filhos casa dos pais, e o Texto II, da permanncia dos netos na casa dos avs. Entretanto, eles se aproximam no que diz respeito

(ENEM PPL - 2022) TEXTO I De casa para a escola Saber respeitar limites, esperar, suportar, ter seus desejos frustrados, fazer trocas e planejar ter educao financeira. E o exemplo vem de casa. Mas as atitudes dos pais somente sero referncias para a educao financeira se eles mesmos usarem o dinheiro de forma consciente, fizerem pesquisa de preo, comprarem vista, pedirem descontos, tiverem controle de suas finanas, souberem o quanto tm e o quanto podem gastar, investir e poupar. Portanto, boa parte das razes que levam um adulto a se tornar consumista e a se endividar est na educao que recebe quando criana ou na adolescncia. MACEDO, C. Revista Carta Fundamental, n. 37, abr. 2012 (adaptado). TEXTO II Educao financeira para crianas Ensinar para os filhos o valor das coisas responsabilidade dos pais, mas, se lidar com dinheiro complicado para adultos, passar esse conhecimento para crianas uma tarefa bem mais delicada. De acordo com a especialista em educao financeira infantil Cssia DAquino, o momento certo de comear a ensinar a criana a lidar com as finanas anunciado pela prpria, na primeira vez em que pede aos pais para lhe comprarem alguma coisa. Isso costuma acontecer por volta dos dois anos e meio, e, nessa hora, o pequeno mostra que j percebeu o que dinheiro e que o dinheiro compra as coisas que ele pode vir a querer. medida que os pequenos vo crescendo, os filhos vo convivendo com a forma com que seus pais trabalham com o dinheiro. Para Cssia, a melhor base para uma educao financeira eficiente aquela transmitida por meio de atitudes simples na rotina do relacionamento entre pais e filhos. Assim que a criana manifestar uma noo bsica em relao a dinheiro, os pais j podem, de maneira gradual, adotar uma postura educativa. Disponvel em: http://brasil.gov.br. Acesso em: 27 fev. 2013. Sob diferentes perspectivas, os textos I e II abordam o tema educao financeira. No entanto, em ambos os textos, os autores sustentam a opinio de que

(ENEM PPL - 2022) GUPTA, S. Booth B20 Thing (Coisa). Ao inoxidvel e ferro, 95 cm x 120 cm x 42 cm, Feira de Arte de Frieze, 2005. Disponvel em: https://art-sheep.com. Acesso em: 28 jun. 2022 (adaptado). O ano de 2005 foi importante para a arte indiana em razo das novas conjunes entre a globalizao e a economia do pas. Mudanas geopolticas e a evoluo dos meios de comunicao intensificaram as trocas artsticas e a projeo dessa cultura, que pde

(ENEM PPL - 2022) Claude Monet, influenciado por Turner, passou a pintar temas que apresentassem fluidez. Para isso, ele fragmentou a imagem com pinceladas de cor pura, passando a retratar a impresso captada diante do modelo. Monet inspirava-se, por exemplo, no pr do sol, na luminosidade do feno ou num jardim florido. Suas obras contm a caracterstica de dissociao das cores e gradao dos tons complementares. As tintas no eram misturadas na palheta, dessa forma, a luz emanada das manchas e das pinceladas coloridas impressionava a retina, formando novas cores. Disponvel em: http://professormarioartes.blogspot.com. Acesso em: 12 ago. 2012 (adaptado). Diante dessa nova concepo artstica, a cor

(ENEM PPL - 2022) A partir dos anos 1970, a diversidade tnica e cultural ganha maior reconhecimento com movimentos culturais, tais como o Tropicalismo, os Afrobahianos, as inseres de referncias religiosas afro-brasileiras na Bossa Nova e o Teatro do Oprimido. Tudo isso foi antecipado pelo Movimento de Cultura Popular, fundado por Paulo Freire nos anos de 1960. MEDEIROS, B. T. F. Quilombos, polticas patrimoniais e negociaes. In: BARRIO, A. E.; MOTTA, A.; GOMES, M. H. (Org.). Inovao cultural, patrimnio e educao. Disponvel em: http://campus.usal.es. Acesso em: 4 set. 2017 (adaptado). Essa ideia nacionalista surgiu dos sonhos de Mrio de Andrade e da Semana de Arte Moderna de 1922, que visava o(a)

(ENEM PPL - 2022) O lobo que no mau A primeira coisa a saber que o guar no , na verdade, um lobo. Embora seja o maior candeo silvestre da Amrica do Sul, sua espcie (Chrysocyon brachyurus) de difcil classificao. Alguns cientistas dizem que parente das raposas, outros, que parente do cachorro-vinagre sul-americano. Mas, de lobo mesmo, ele no tem nada. Alm disso, um animal onvoro. Porm, em algumas regies, a sua dieta chega a quase 70% de frutas, especialmente da lobeira, uma rvore tpica das savanas brasileiras, que contribui para a sade do animal, prevenindo um tipo de verminose que ataca os rins do guar. O lobo-guar no um animal perigoso ao homem. No existe nenhum registro, em toda a histria, de um guar que tenha atacado uma pessoa, mas, ainda assim, so vistos como malficos. Por qu? Porque, em ambientes degradados, o lobo, para sobreviver, acaba atacando galinheiros ou comendo aves que so criadas soltas. Com a desculpa de proteger sua criao, pessoas com baixo nvel de conscincia ecolgica acabam matando os animais. Se no bastassem a matana e a destruio de ambientes naturais, o lobo-guar ainda apresenta grande ndice de morte por atropelamento em estradas. O fato que o lobo-guar precisa de ns mais do que nunca na histria. FERRAREZI JR., C. Revista QShow, n. 20, nov. 2015 (adaptado). Esse texto de divulgao cientfica utiliza como principal estratgia argumentativa a

(ENEM PPL - 2022) Preconceito: do latim prae, antes, e conceptus, conceito, esse termo pode ser definido como o conjunto de crenas e valores aprendidos, que levam um indivduo ou um grupo a nutrir opinies a favor ou contra os membros de determinados grupos, antes de uma efetiva experincia com eles. Tecnicamente, portanto, existe um preconceito positivo e um negativo, embora, nas relaes raciais e tnicas, o termo costume se referir ao aspecto negativo de um grupo herdar ou gerar vises hostis a respeito de um outro, distinguvel com base em generalizaes. Essas generalizaes derivam invariavelmente da informao incorreta ou incompleta a respeito do outro grupo. CASHMORE, E. Dicionrio de relaes tnicas e raciais. So Paulo: Selo Negro, 2000 (adaptado). Nesse verbete de dicionrio, a apropriao adequada do uso padro da lngua auxilia no estabelecimento

(ENEM PPL - 2022) Cuidadora humilhada por erros de portugus ao enviar currculo para asilo recebe ofertas de emprego Nessa conversa por aplicativo, em que se evidencia uma forma de preconceito, a atendente avaliou a candidata a uma vaga de emprego pelo(a)

(ENEM PPL - 2022) Esse cartaz tem como funo social conquistar clientes para um evento turstico, e, por isso, seria recomendvel que fosse escrito na norma-padro da lngua portuguesa. O comentrio acrescentado por um interlocutor sugere que a grafia incorreta da palavra excurso

(ENEM PPL - 2022) A busca do texto oculto na leitura de notcias Os meus colegas jornalistas que me perdoem, mas no d mais para ler uma notcia de jornal apenas pelo que est publicado. O nosso universo informativo ficou muito mais complexo depois do surgimento da avalanche informativa na internet. Esse fenmeno, indito na histria do jornalismo, est nos obrigando a tomar uma notcia de jornal apenas como um ponto de partida para uma anlise que, necessariamente, envolve a preocupao em descobrir o contexto do que foi publicado. A notcia de jornal no mais a verdade definitiva, mas a porta de entrada numa realidade desconhecida e inevitavelmente complexa, contraditria e diversa. A principal mudana que todos ns teremos que incorporar s nossas rotinas informativas a necessidade de sermos crticos em relao s notcias que leremos, ouviremos ou assistiremos. A busca de um novo modelo de formatao de notcias baseado numa cultura da diversificao informativa est apenas comeando. O pblico passou a ter uma importncia estratgica na atividade profissional porque os jornalistas necessitam, cada vez mais, dos blogs pessoais, das pginas da web e das postagens em redes sociais como fonte de notcias. A histrica dependncia de fontes governamentais e corporativas est rapidamente sendo substituda pela notcia oriunda de comunidades, grupos sociais organizados e influenciadores digitais. A agenda de notcias das elites perde espao para a agenda do pblico. essa nova forma de ver a realidade que est na base da necessidade do chamado texto oculto, um jargo acadmico para uma diversificao na nossa nova forma de ler, ouvir e ver notcias. CASTILHO, C. Disponvel em: www.observatoriodaimprensa.com.br. Acesso em: 30 out. 2021 (adaptado). Ao problematizar os modos de ler notcias e a necessidade de se buscar o chamado texto oculto, o texto defende que esse processo implicar

(ENEM PPL - 2022) A criana e a lgica Uma menina v a foto da me grvida e ouve a seguinte explicao: Voc estava na minha barriga, filha. Imediatamente, a criana chega incrvel concluso: Mame, ento voc o lobo mau?. A partir dos 2 anos, a criana comea a dominar as palavras, mas sua lgica, que difere da do adulto, surpreende os pais pelas associaes. Para uma psicloga infantil, esse raciocnio se explica pelo fato de que a lgica, nos primeiros anos de vida, primitiva e rgida, no admite que para a mesma questo existam vrias possibilidades. Quando a me diz que vai chegar em casa noite, a criana no compreende por que, afinal, a promessa ainda no foi cumprida se j est escuro. Ou se ela j ouviu que as pessoas morrem quando esto velhinhas e de repente acontece de algum prximo perder a vida ainda jovem, ela pode custar a se conformar. O importante falar a verdade e ter pacincia. Com o tempo, as crianas percebem que um fato pode ter mais de uma explicao, e vrios fatos influenciam uma mesma situao. A lgica vai, assim, aprimorando-se e ficando mais prxima da do adulto entre os 5 e 6 anos, afirma a especialista. Disponvel em: http://revistacrescer.globo.com. Acesso em: 15 nov. 2014 (adaptado). O texto cita a opinio de uma psicloga como estratgia argumentativa para

(ENEM PPL - 2022) A historiografia do pas demonstra que foi necessrio considervel esforo do colonizador portugus em impor sua lngua ptria em um territrio to extenso. Trata-se de um fenmeno poltico e cultural relevante o fato de, na atualidade, a lngua portuguesa ser a lngua oficial e plenamente inteligvel de norte a sul do pas, apesar das especificidades e da grande diversidade dos chamados sotaques regionais. Esse empreendimento relacionado imposio da lngua portuguesa foi adotado como uma das estratgias de dominao, ocupao e demarcao das fronteiras do territrio nacional, sucessivamente, em praticamente todos os perodos e regimes polticos. Da Colnia ao Imprio, da Repblica ao Estado Novo e da em diante. Tomemos como exemplo o nheengatu, uma lngua baseada no tupi antigo e que foi fruto do encontro, muitas vezes belicoso e violento, entre o colonizador e as populaes indgenas da costa brasileira e de grande parte da Amaznia. Foi a lngua geral de comunicao no perodo colonial at ser banida pelo Marqus de Pombal, a partir de 1758, caindo em pleno processo de desuso e decadncia a partir de ento. Foram falantes de nheengatu que nominaram uma infinidade de lugares, paisagens, acidentes geogrficos, rios e at cidades. Atualmente, resta um pequeno contingente de falantes dessa lngua no extremo norte do pas. utilizada como lngua franca em regies como o Alto Rio Negro, sendo inclusive fator de afirmao tnica de grupos indgenas que perderam sua lngua original, como os Bars, Arapaos, Baniwas e Werekenas. Disponvel em: http://desafios.ipea.gov.br. Acesso em: 20 out. 2021 (adaptado). Da leitura do texto, depreende-se que o patrimnio lingustico brasileiro

(ENEM PPL - 2022) Ao abordar a temtica da violncia contra a mulher, o cartaz conjuga as linguagens verbal e no verbal para

(ENEM PPL - 2022) Tiranos de ns mesmos: a servido voluntria na era da sociedade do desempenho Byung-Chul Han, no opsculo Sociedade do cansao, discute a ascenso de um novo paradigma social, em que a sociedade disciplinar de Foucault substituda pela sociedade do desempenho. Esse novo modelo social movido por um imperativo de maximizar a produo. Ns, sujeitos de desempenho, somos constante e sistematicamente pressionados a aperfeioar nossa performance e a aumentar nossa produo. A crena subjacente, segundo Han, a de que nada impossvel. Ns podemos fazer tudo. Estamos constantemente pressionados por um poder fazer ilimitado. um excesso de positividade, que se constitui em verdadeira violncia neuronal. E por isso produzimos. Produzimos at a exausto. E, mesmo cansados, continuamos produzindo. Uma meta sempre substituda por outra. A tarefa nunca acaba. frustrante e esgotante. O resultado uma sociedade que gera fracassados e depressivos, a quem s resta recorrer a medicamentos para continuar produzindo mais eficientemente. Disponvel em: http://justificando.cartacapital.com.br. Acesso em: 24 ago. 2017 (adaptado). Com base nessa reflexo acerca do livro Sociedade do cansao, que discute o novo modelo da sociedade do desempenho, o resenhista a